A saúde tem pressa: é urgência ou emergência. E não pode parar. Afinal é nos piores momentos que a sociedade mais precisa dos profissionais da área. São Leopoldo – e o Rio Grande do Sul – viveu em maio o pior mês de sua história. Uma enchente destruiu vidas, arrastou sonhos, abalou estruturas. O IDEAS atua há quase cinco anos na saúde de São Leopoldo em parceria com a prefeitura. A tragédia climática que se abateu sobre o município – e o estado gaúcho – foi mais uma prova da resiliência dos leopoldenses e da atuação estratégica e participativa do IDEAS nos municípios onde atua.
“Todas as estruturas e equipes disponíveis foram utilizadas pela Secretaria da Saúde, que contou com a participação da Fundação Municipal de Saúde, do Hospital Centenário e do Ideas para dar uma resposta rápida ao estado de calamidade”, destaca o secretário de Saúde, Julio Dorneles.
O Ideas é uma organização social com sede administrativa em Florianópolis e atuação em municípios de seis estados nos níveis primário, secundário e terciário de saúde pública, de postos de saúde a hospitais de referência nacional.
Em São Leopoldo, assinou o primeiro contrato para gestão de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outros serviços da área de São Leopoldo em outubro de 2019. As parcerias foram se renovando ao longo dos anos. Superaram uma pandemia e agora estão superando a tragédia das chuvas.
Em maio de 2024, São Leopoldo ficou abaixo d’água e a saúde pública também. Mas mais do que nunca, o atendimento não podia parar. E não parou. Em questão de horas, sob o comando do prefeito Ary Vanazzi e do secretário Julio Dorneles, toda a estrutura e logística de atendimento teve de ser alterada. A UPA Zona Norte e as 11 UBS administradas pelo IDEAS foram alagadas e surgiram abrigos e alojamentos, hospitais de campanha e serviços volantes. A saúde pública prestada pelo IDEAS em parceria com a prefeitura se recompunha para estar disponível 24 horas e prestar toda a assistência necessária à população.
Sem esquecer dos próprios colaboradores da organização social, afinal eles também foram vítimas das intempéries junto com suas famílias. Para amenizar essas dificuldades, o IDEAS antecipou a primeira parcela do 13º salário aos funcionários e fez um remanejamento dos profissionais, de forma que eles passassem a atuar nas unidades de saúde mais próximos de suas residências. “Logo no começo de toda essa tragédia fizemos contato telefônico com os funcionários para melhor compreender a realidade local de cada um deles”, lembraJosé Luiz Marzullo Patella, gerente regional do IDEAS.
As UBSs Baum, Centro do Idoso, Cohab Feitoria, Imigrante e Scharlau retomaram as atividades no dia 6 de maio, mas a UPA da Zona Norte somente no dia 17. No período sem a UPA, o Ônibus da Saúde percorreu áreas vulneráveis da região norte, a mais atingida do município, ganhando relevância estratégica na prestação dos atendimentos.
Hoje também estão em atividade as UBSs São Cristóvão, Trensurb, Jardim América e Volante Madezatti – um total de nove. Das 11 unidades sob gestão do Ideas, a Materno ficou comprometida pela enchente e a Pinheiro, destelhada. Para assegurar o atendimento nos abrigos da Unisinos, do Ginásio Bigornão, do Centro de Eventos Imalas, os principais da cidade, foi mantida, em cada um, uma equipe de plantão formada por, no mínimo, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem e suporte médico.
Além disso, equipes volantes atuam na cidade com ônibus da saúde, serviço de vacinação e farmácias móveis. Há também equipes posicionadas em outros abrigos, como no Lar Santa Elisabeth e Centro de Eventos. E ao lado da UPA foi aberto pelo município e pela Força Nacional do SUS, e apoio do IDEAS, um hospital de campanha com atendimento 24 horas. No total, uma logística que mobiliza mais de 400 profissionais do Ideas de diferentes áreas de atuação. “Cabe ressaltar ainda que o quadro não está completo pelo fato de que alguns profissionais também ficaram ilhados, o que repercutiu no acesso ao posto de trabalho”, observa o gerente José Luiz Marzullo Patella.
Paralelamente, o Ideas, que, além do Rio Grande do Sul, hoje também está presente nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, lançou uma campanha de arrecadação de doações para as vítimas das enchentes com o projeto IDEAS do Bem. Somente na primeira semana foi possível distribuir entre os abrigados 20,9 mil itens, entre medicamentos, álcool, pacotes de fraldas e de lenços descartáveis e garrafas de água. “Com o Projeto IDEAS para o Bem estruturamos o fluxo de doação de medicamentos para o estado do Rio Grande do Sul, bem como, realizamos contato com empresas para captar produtos humanitários para São Leopoldo”, destaca Patella.
“Com a força dos nossos servidores, com a força daqueles que cooperam conosco no enfrentamento de calamidade, nós conseguimos dar uma resposta muito rápida no enfrentamento dessa calamidade. Hoje, estamos com serviços retomados em grande parte em uma cidade, com serviços 24 horas no hospital, com a UPA 24h e junto dela o HCamp, o hospital de campanha da Força Nacional do SUS, que funciona também igualmente 24 horas”, ressalta o secretário Julio Dorneles.
O sol reapareceu, as águas estão baixando, o mês da maior catástrofe ambiental e social de São Leopoldo – e do Rio Grande do Sul – está chegando ao fim. A hora é de reconstrução. E muito mais trabalho. O IDEAS está preparado, junto da força e da determinação dos leopoldenses, para mais esta desafiadora etapa.
“Agora, mais do que nunca, é preciso ter, além do clínico, um olhar mais acolhedor e humanizado para o cidadão e entender que, neste momento, a vida é o essencial diante das perdas materiais apresentadas e reforçar o papel do SUS no cuidado integral da população”, observa o diretor executivo do IDEAS, Sandro Demetrio.